16 março 2011

Coisa de Criança

Depois de alguns anos trabalhando com crianças de várias idades, percebi que cada dia mais as conheço e me aproximo do seu universo. E esse conhecimento não me ajudou apenas a ensiná-las melhor. Conhecer a mente infantil é ouvir um sermão novo a cada dia. É compreender que Jesus não estava brincando sobre ser “delas o Reino dos Céus”. E mais, imitá-las naquilo que elas têm de mais puro, é um tarefa árdua para nós, adultos, cuja essência da infância já ficou no passado.
Sabemos de todos os atributos infantis adoráveis como a alegria, o sorriso fácil, a capacidade de perdoar facilmente, a sinceridade. Mas hoje, relembrando um momento de minha vida de professora, me lembrei da característica infantil que mais precisamos imitar: a fé. Porque criança crê, de verdade. Quando descobre o poder de Deus, se apaixona, se fascina!
Era dia da história, e eu, com uma ênfase dramática, contava aos meus pequenos de 4 e 5 anos, o dia em que Jesus acalmou uma terrível tempestade. Com os olhinhos brilhantes e a respiração suspensa eles acompanharam todo o relato, até o emocionante momento em que Jesus estende os braços e repreende a tormenta. 
Coincidentemente, nesta tarde uma grande chuva de verão se aproximava. Nuvens negras e trovões já podiam ser ouvidos, relâmpagos já riscavam o céu. Após a história, precisei me ausentar da sala por não mais que 3 minutos, para buscar uns papéis. Assim quem voltei, me deparei com toda a turminha, em frente a janela, os bracinhos estendidos, repreendendo a tempestade. Não como uma brincadeira. Estavam solenes, confiantes. Quando os questionei, me responderam: Ora, professora, você NÃO ACREDITA NA HISTÓRIA QUE ACABOU DE CONTAR? Jesus VAI  fazer essa chuva passar, porque estamos com medo igual aos discípulos!
Foi como levar uma bordoada. Era simples, não precisava de razão, motivo. Era fé. Uma fé em toda a sua dimensão, uma fé que se apropria da bênção. Que possamos crer assim, de todo o nosso coração, de toda nossa alma, de todo nosso entendimento. Que possamos honrar a Deus com nossa confiança, e nos deixarmos conduzir, como uma criança...
Voltemos à chuva... Coincidência, providência? Passou! 
por: Ellen Campos 

02 março 2011

670 mil doláres


“E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (...)E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom;” (Gênesis 27-31)

22 milhões de dólares foi o que custou o resgate dos 32 mineiros chilenos e um boliviano que se encontravam presos na mina que desabou em 30 de Agosto de 2010. Conta que foi paga por empresas multinacionais interessadas na grande audiência da operação – que ultrapassou a da Copa do Mundo do ano. Por aritmética simples, chegaremos à conclusão que o valor da vida de cada um deles é de cerca de 670 mil dólares. Se você pudesse dar um valor a sua vida, de quanto seria? 670 mil dólares? Mais? Menos? Que critério você utilizaria para o cálculo?

Para minha vida consideraria os investimentos feitos ano a ano em meu crescimento por outras pessoas, como meus pais e a sociedade. Somaria a quantidade de fraldas que usei, às refeições que fiz, lugares que viajei, roupas que vesti, contas de luz, aluguel, água e de escolas particulares; não poderia desconsiderar os investimentos da sociedade especialmente na minha educação já que estudo numa Universidade pública. Quanto isso daria? Não faço ideia; sei apenas que se tivesse que pagar por isso através do meu trabalho futuro acredito que demoraria minha vida inteira. E ainda estaria em débito.

Nessa lógica, a contribuição trabalhista futura de cada mineiro deveria chegar a 670 mil dólares, pois senão não valeriam o custo do salvamento. Pessoas poderiam ter morrido no empreendimento e mesmo assim seria justificável o sacrifício? A questão, entretanto não deveria ser salvar um trabalhador entre tantos outros, 30 seres humanos entre 6 bilhões, como um cupim num cupinzeiro, mas de salvar uma consciência única.

Dentro do crânio de cada mineiro existe um cérebro, uma mente, “um império”, como diria Saint-Exupéry (autor do clássico O Pequeno Príncipe) criado por Deus para a glória dEle. Família, livros, amores, amigos, manias, sonhos, gestos. Tudo isso além do seu material genético, fazem de cada um daqueles mineiros e de você um ser único a deixar uma marca para as próximas gerações. Disse Jesus: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;”(Mateus 5: 13 e 14) e ainda: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mateus 6:26).

No resgate da humanidade caída, o valor de custo foi muito maior do que o pago pelas empresas multinacionais pelos chilenos. “Temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Efésios 1:7). O sangue e a carne, ou seja a vida e o sofrimento, do próprio Emanuel, Filho de Deus foram derramados para que suas particularidades, sua personalidade, sua mente, sua alma fossem resgatados.

Lembre-se hoje de que seu valor ultrapassa infinitamente 670mil dólares e não deixe sua luz escondida.

por: Ana Carolina Salles